No Estado, 2.298 quilômetros avaliados pela CNT foram considerados péssimos, ruins ou regulares
Sete em cada 10 quilômetros das principais rodovias de Santa Catarina estão em más condições, segundo estudo da Confederação Nacional do Transporte (CNT). A entidade estima necessidade de investimentos de até R$ 2,89 bilhões para recuperá-los, o que foge, no entanto, do que é previsto hoje para o Estado.
Os problemas se concentram em rodovias geridas pelo poder público, que tem diminuído os repasses de verba ao menos pela União nos últimos anos. É justamente uma delas, sob jurisdição federal e presente em solo catarinense, que foi considerada a pior do país em um ranking elaborado também pela CNT, que rodou 109.103 quilômetros.
Trata-se de um trecho da BR-163 que liga São Miguel do Oeste a Dionísio Cerqueira, município que faz divisa com o Paraná e fronteira com Bernardo de Irigoyen, que pertence à Argentina. O trajeto de 59 quilômetros é fundamental para o agronegócio no Extremo-Oeste catarinense, por servir ao transporte de cargas e insumos.
O trecho é considerado péssimo em todos os três grupos de características analisadas pelo estudo da CNT. O primeiro deles diz respeito às condições de pavimentação, seja da via de rolamento ou do acostamento. O segundo trata da sinalização, com dados que vão do estado das faixas à legibilidade das placas. Já o último aborda a geometria da via — ou seja, se dedica às condições espaciais dela, se permite ultrapassagens e dá visibilidade aos motoristas nas curvas, por exemplo.
Santa Catarina tem seus piores resultados neste último grupo, com algum problema deste tipo em 2.293 quilômetros de rodovias (71%) — no acumulado do Brasil, este índice está em 62%. Problemas de sinalização aparecem em 68,6% e os de pavimentação estão em 58,7% dos quilômetros de rodovias avaliados no Estado.
No geral, 2.298 quilômetros (71,14%) foram considerados péssimos, ruins ou apenas regulares. O acumulado no país é de 61,8% (67.476 km) nestas condições. Apenas 28,85% do pesquisado em Santa Catarina foram considerados satisfatórios pelo estudo — ou seja, 938 quilômetros das principais rodovias estão em boas ou ótimas condições.
Entre as rodovias de jurisdição estadual, o pior trecho catarinense está na SC-350, de Água Doce a Santa Cecília, municípios no Meio-Oeste, com 131 quilômetros de extensão e também sob gestão pública. Parte desta rodovia, entre Abelardo Luz e Passos Maia, só vai ganhar pavimentação a partir deste ano — e, por conta disso, sequer entrou na análise da CNT.
Todos os 10 últimos colocados têm gestão pública e se dividem entre outros sete estados — Acre, Amazonas, Bahia, Maranhão, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Já no top-10, apenas o primeiro colocado, na SP-320, não é gerido por concessionária — todos os melhores ranqueados ficam em São Paulo.
A CNT lembra que as condições das rodovias impactam na segurança dos usuários e também na economia do país, já que o modal rodoviário concentra 95% da circulação de passageiros e 65% da movimentação de mercadorias.
Fonte: SulInFoco, com informações do NSCTotal