Sérgio Gabardo alertou para risco dos aumentos em efeito cascata se não for mantida desoneração da folha de pagamentos
Se o cenário atual já é de preocupação, caso sejam aprovadas propostas atuais que repercutem em aumento de impostos, podem tornar o quadro devastador. A avaliação do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul – SETCERGS foi feita durante o evento Tá na Mesa – Federasul, ocorrido nesta quarta-feira (06/12) na sede da Federasul. O encontro reuniu líderes de entidades empresariais e especialistas para debater os impactos do veto presidencial quanto à desoneração da folha de pagamento. A conversa contou com a mediação do presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa.
Sérgio Mário Gabardo, presidente do SETCERGS, expressou preocupações profundas, destacando que o setor de transporte, além de essencial, é preponderantemente empregador, indo além do motorista e abrangendo diversas áreas, entre elas administração, descarga, manutenção e limpeza de veículos.
“Os 17 setores da economia beneficiados pela desoneração da folha de pagamentos representam, aproximadamente, 20% do total de empregos formais do país. Apesar de terem características diversas, em um aspecto todos se igualam: de uma forma ou de outra, dependem do transporte e logística. Por isso, nós, do SETCERGS, manifestamos o nosso repúdio a essa medida. Aumentar impostos é o caminho menos eficaz para todos”, afirmou.
Em 2022, a carga tributária bruta (CTB) do Governo Geral (União, Estados e municípios) atingiu 33,71% do PIB, o maior percentual observado na série histórica iniciada em 2010. O Brasil, entre os 30 países que mais arrecadam impostos, é o que menos dá retorno para a população, de acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).
“Como poderemos enfrentar essa situação? Optar pela demissão para compensar o aumento de impostos? É fundamental destacar que este aumento não afeta só as empresas, ele impacta diretamente o consumidor final. O impacto será ainda mais expressivo, especialmente para nós, que atuamos no transporte de cargas rodoviárias. Isso abrange também os alimentos que chegam até nós. Diante desse cenário, é inevitável que todos esses aumentos de custos sejam repassados para a sociedade”, acrescentou.
O setor de transporte e logística emprega cerca de 6,1 milhões de trabalhadores diretos no Brasil, com mais de 130 mil empresas registradas, ocupando o 3º lugar no PIB Nacional, conforme informações da NTC & Logística.
Debates
Além da participação do SETCERGS, o evento contou com apresentações de Any Ortiz, deputada federal e relatora do PL da Desoneração. A parlamentar afirmou que o presidente contradiz seu histórico de defesa, uma vez que sempre esteve associado aos sindicatos e à causa dos trabalhadores. A deputada afirmou que a postura atual vai na contramão desse discurso e o que está em primeiro plano é unicamente a arrecadação para pagar as contas do governo.
Ricardo Michelon, vice-presidente do Sinduscon-RS, falou da frustração com o cenário atual. Lembrou que cada Real investido na construção civil, de acordo com estudos, tem um efeito multiplicador de aproximadamente R$ 2,46 na economia.
José Paulo Boelter, do Conselho Deliberativo 2022-2025 da Abicalçados, relatou que o setor calçadista enfrenta desafios constantes ao longo dos anos, desde crises até a concorrência intensa de produtos asiáticos que entram no mercado sem a devida tributação. Defendeu não apenas uma vantagem competitiva, mas sim condições equitativas, uma vez que os custos operacionais estão significativamente elevados.