Mudança começa a ser percebida nas salas de formação, mas mulheres ainda representam 17% dos profissionais ativos que circulam pelas estradas do País.
Dirigir em uma estrada exige muita atenção, em especial para quem exerce o transporte de carga e percorre longos percursos. No cenário atual, onde essa movimentação de mercadorias é responsável por mais de 60% dos produtos circulando no País, conhecer os gargalos e trabalhá-los já na formação do profissional torna-se essencial para uma maior eficiência de todo o sistema.
Organização referência de capacitação profissional para o transporte de carga no Brasil há 30 anos, o SEST SENAT atende 3,8 milhões de pessoas por ano, com apoio na área de saúde, educação, esporte e lazer. Tamanha experiência permite à instituição construir um olhar amplo sobre o mercado e seus gargalos. “Os maiores acidentes são causados por falhas humanas, 90%. Não é novidade para ninguém que o uso do celular tira a atenção do condutor e acaba elevando ainda mais esse percentual negativo”, analisou Jacques de Oliveira Serafim, instrutor do SEST SENAT ao podcast “De Olho na Estrada”.
Seja pela falta de capacitação alinhada à autoconfiança do transportador ou por imprudência, o resultado é que o Brasil ostenta um recorde negativo de cinco mortes a cada hora. Estatística que precisa servir de alerta a quem dirige por profissão, como comentou Serafim: “A importância de se ter uma direção mais prudente está ligada as questões de segurança, tanto do condutor, quanto de terceiros que se encontram na estrada do nosso País”.
Porém, nem tudo é de se lamentar. A experiência da instituição recente mostra que já há uma maior consciência em relação à capacitação do profissional da estrada de hoje, explicou Serafim: “A ideia desse condutor é sempre evoluir. Hoje ele está fazendo emergência, está fazendo escola, com a ideia de sempre se preparar ainda mais para o mercado de trabalho. O perfil do colaborador do transporte tem sido mudado ao longo dos anos. Isso é muito bom, com isso ai a gente só tem a ganhar”.
Mulheres na boleia – E justamente dentro desse processo de evolução do segmento que ascende um novo perfil do condutor na estrada: as mulheres. Ambiente predominantemente masculino, o transporte de carga possui apenas 17% de profissionais do sexo feminino, segundo o Ministério do Trabalho, mas a maior participação feminina já é um fenômeno perceptível nos cursos de formação e até nas empresas, como citou Serafim: “Hoje tem empresa lá na cidade de Guarulhos, onde 30% da frota é feminina. Isso é um incentivo, porque trás ainda mais as mulheres para o mercado de trabalho. E a gente encontra mulheres com carreta, mono trens, com transporte coletivo de passageiros”.
Mudança também acontece nas concessionárias de rodovias – Uma evolução aguardada inclusive pelas concessionárias, que apostam no senso de responsabilidade do profissional feminino, como comentou o gerente de operações da SPMAR, Fausto Cabral. Na equipe de operações dos trechos Sul e Leste do Rodoanel em São Paulo, as mulheres já representam 66% do efetivo.
“Um motorista feminino, quando avista uma situação (na estrada) já diminui a velocidade. E estou te falando isso porque já percebi, não foi uma, nem duas, foram muitas vezes. Elas passam o mais distante possível e, se for possível mudar de faixa, elas mudam de faixa, diminuem a velocidade e seguem o caminho. Já o motorista masculino não tem tanta visão, nem essa prudência” relatou Cabral.
Fonte: NTC