Inflação tem maior alta para agosto em 21 anos

Combustíveis pesaram com força no bolso do consumido

Os reajustes nos preços dos combustíveis levaram a inflação oficial brasileira a registrar a maior alta para um mês de agosto em 21 anos, com a taxa em 12 meses se aproximando de 10%, em um momento de apreensão com a alta dos preços no país.

Em agosto, a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,87%, depois de subir 0,96% no mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.

Apesar do enfraquecimento, foi a taxa mais elevada para o mês desde 2000 (+1,31%), e ficou bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,71%.

O dado levou a taxa acumulada em 12 meses até agosto a 9,68%, de 8,99% no mês anterior, disparando bem acima do teto da meta oficial para este ano — inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

A expectativa para o IPCA em 12 meses era de alta de 9,50%.

O analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida, disse que vamos ver nos próximos meses se é um movimento contínuo de alta. “São vários fatores que influenciam a aceleração da inflação: questões cambiais, crise hídrica, dólar que afeta importações de produtos e insumos”, disse.

O maior vilão no orçamento das famílias foi a gasolina, com alta de 2,80%. Etanol subiu 4,50%, gás veicular teve alta de 2,06% e óleo diesel, de 1,79%. Os combustíveis como um todo subiram 2,96%.

No ano, a gasolina acumula alta de 31,09%, o etanol de 40,75% e o diesel de 28,02%, segundo os dados do IBGE.

Com isso, o grupo Transportes registrou a maior variação em agosto, de 1,46%, embora a taxa tenha enfraquecido de 1,52% em julho.

“O preço da gasolina é influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a política de preços da Petrobras. O dólar, os preços no mercado internacional e o encarecimento dos biocombustíveis são fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final”, explicou Almeida.

O BC vem intensificando o aperto monetário diante da pressão inflacionária, elevando a Selic a 5,25%. A autoridade monetária volta a se reunir em 21 e 22 de setembro. Para os economistas consultados semanalmente pelo BC na pesquisa Focus, a inflação deve terminar este ano a 7,58% no acumulado em 12 meses, com a taxa básica de juros estimada a 7,63% na mediana das projeções.

Fonte: Reuters.

 

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