Governança e como fazer a transmissão dos valores foi assunto do SETCERGS Debates

O encontro trouxe algumas abordagens do tema sucessão como conceitos e aspectos positivos

Na manhã desta terça-feira (02) aconteceu o primeiro Programa SETECERGS Debates com o tema Sucessão na empresa familiar: Preservando o legado, construindo o futuro. O evento aconteceu de forma híbrida na sede do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Rio Grande do Sul e teve apoio da Transpocred e Velo Go.

Representando o SETCERGSS esteve presente o diretor financeiro, Antônio Carlos Bebber e o ex-presidente João Pierotto que deram as boas-vindas. O administrador de empresas, especializado em governança de empresas familiares, com certificação pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, Sérgio Luiz Fleck foi o palestrante. Junior Cavalca, diretor da Divelog e sucessor do grupo Unidão e Renata Marin, diretora da transportadora Cadomar, foram os convidados para o debate.

No primeiro momento Fleck mostrou aspectos de complexidade, as diferentes fases da empresa, pontos de transição, sugestões no que fazer quando surgirem dúvidas e perguntas como: O que fazer com meu negócio? Como passo isso para frente? Outro ponto comentado foi o valor do sobrenome, as empresas familiares associam muito forte o nome da empresa ao nome da família, na construção da história da evolução, por conta da relação com o mercado, e focam em construir uma reputação no decorrer dos anos.

Segundo o palestrante, numa primeira geração o fundador, a governança e a gestão são praticamente a mesma pessoa, com maior ou menor grau de consciência de que isso é governança. Na medida que a empresa cresce ou que a família cresce surgem demandas relativas como organizar a participação da família no negócio.

“Existe a questão vinculada ao aspecto natural do ciclo de vida do indivíduo, conforme avança a idade ele também muda as suas necessidades, sua visão existencial de vida, ele pensa e olha diferente, fica mais presente a noção de felicidade, de satisfação, então vem a pergunta o que faço com tudo que adquiri? Pois, por trás de um empreendedor tem uma pessoa”, argumenta.

No segundo momento foi aberto o debate e os convidados contaram suas experiências. Renata Marin trabalhava desde os 23 anos na parte jurídica e quando teve que assumir a empresa repentinamente não estava pronta. “Houveram muitos problemas, mas após o entendimento de que precisávamos nos organizar para ter conhecimento, começamos a fazer mudanças e muitas coisas positivas aconteceram. Preparem-se para assumir, se perguntem como funcionaria se hoje faltasse o administrador? Tudo se torna mais fácil quando planejado e organizado”, comenta.

Junior Cavalca compactua a ideia de que as empresas precisam iniciar essa organização para transição o quanto antes. “O momento de começar a entender as pessoas no futuro começa hoje. Nossa família está na 4ª geração, começamos há algum tempo esse trabalho pensando na transição, às vezes, exige tempo trabalhar as angustias que se tem dentro de uma empresa familiar e com tempo é a melhor coisa”.

A sucessão surge como uma demanda que pode ser tratada de duas maneiras, quando acontecer sem preparação alguma, deixando para quem assumir dar ‘seu jeito’, ou quando a demanda é percebida, tornando-se consciente e estratégica, a qual, se prepara um plano de ação. A chance de perpetuar o patrimônio e perpetuar a capacidade de geração de riqueza, gerando bons resultados, depende da organização desta transição.

De acordo com Fleck a divergência, tensão e conflitos entre pais e filhos existe e podem ser entendida como algo positivo, pois faz as pessoas interagirem, desenvolvendo inteligência interpessoal.  A divergência é algo natural e positiva, a concordância absoluta não é boa. Mas é preciso ter muito cuidado para que isso não evolua para atritos ao ponto de virar uma ruptura, pois o trauma emocional gera condições muito difíceis de conseguir reconciliação.

“Que a tensão seja estimulada como algo positivo e sinérgico, ou seja, criar instrumentos para que as pessoas não caiam numa ruptura, gerando cisão numa empresa, pois, duas empresas nunca serão a mesma coisa que uma grande e forte”, finaliza.

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