Especialistas alertam para os desafios para o transporte de cargas
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) refez para cima a projeção da safra de grãos de 2020/2021 no Brasil. Assim, a expectativa é de que o número chegue a 268,3 milhões de toneladas. Ou seja, 4,4%, ou 3,3 milhões de toneladas a mais que a previsão anterior.
Dessa forma, a previsão traz ainda mais otimismo para o setor de transporte rodoviário de cargas. Sobretudo por causa da oportunidade de novos negócios. Contudo, o bom resultado também representa desafios e obstáculos ao setor.
Segundo as montadoras, em 2021 serão produzidas 116 mil unidades de veículos pesados no Brasil. A projeção é da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Em suma, esse volume é 23% maior do que as cerca de 100 mil unidades fabricadas em 2020. Vice-presidente da Anfavea, Marcos Saltini disse ao Estradão que isso ocorrerá graças ao bom resultado de alguns setores da economia. Segundo ele, o principal é o agronegócio.
Desafios com a safra recorde
CEO da TransRuyz, Antonio Ruyz concorda que a safra recorde vai gerar mais oportunidade para bons contatos. E, também, para melhorar a rentabilidade.
No entanto, Ruiz lembra que há conhecidos problemas que podem prejudicar o setor. Segundo o empresário, um desses obstáculos é a falta de infraestrutura nas estradas.
Além disso, ele lembra que os portos não têm capacidade para movimentar essa quantidade de grãos. Um outro desafio, de acordo com Ruiz, é a falta de caminhões novos para entrega imediata.
“Hoje, para você receber um modelo zero-km a espera chega a sete meses”, diz o empresário. Segundo Ruiz, para atender a demanda as empresas têm de investir em novos caminhões. “A demora gera insegurança ao transportador”, desabafa.
Sócio-gestor da consultoria MA8 Management Consulting Group, Orlando Merluzzi afirma que a nova previsão afetará pouco ou quase nada a programação de compra de caminhões pesados. Além disso, diz ele, o setor precisa ficar atento ao que pode acontecer nos dois próximos anos.
“As mudanças tecnológicas que entrarão em vigor devem aumentar os preços dos caminhões em 20%. Elas incluem todas as novas regras em relação a emissões, cabine e controles de segurança.”
Planejamento para os próximos anos
De acordo com Merluzzi, a expectativa de recorde da safra não deverá impactar o volume de vendas de caminhões novos no Brasil. No entanto, segundo ele, o que ocorrer em 2021 não será tendência para os próximos anos.
Segundo o consultor, a representatividade dos caminhões pesados nas vendas deve mudar. De acordo com ele, será o resultado de alterações no modal de transporte para o escoamento da safra.
“O setor ferroviário, que representa 15% do transporte no País, vai crescer. Ou seja, o governo quer elevar a participação para 30%. Isso refletirá no agronegócio”, diz o especialista.
Por fim, Merluzzi afirma que as transportadoras precisam estudar formas de integrar os novos modais de transportes em suas operações. Assim, esse planejamento é urgente e deve prever as mudanças que ocorrerão nos próximos anos.
Fonte: Estadão