Transporte e logística estão entre os setores mais atrasados
O Brasil precisa mais do que dobrar os investimentos médios em infraestrutura para suprir gargalos, principalmente nos setores de transporte e logística e de saneamento básico. A conclusão é de estudo desenvolvido pela Abdib (Associação Brasileira da Indústria de Base), que verificou também que os projetos de concessão hoje em curso não darão conta de cobrir a diferença.
O estudo, chamado Livro Azul da Infraestrutura, traz uma compilação de todos os processos de concessão abertos pelo governo federal e pelos estados, projetando seus impactos no investimento pelos próximos cinco anos. A Abdib defende o crescimento nos investimentos públicos, hoje limitados pela crise fiscal e pelo teto de gastos implantado por lei aprovada no governo Michel Temer.
A partir da análise inédita, é possível constatar que o acréscimo de investimentos nos próximos cinco anos será entre R$ 8 bilhões e 30 bilhões anualmente entre 2021 e 2025. “Percebemos claramente que precisamos de muito mais projetos privados e também complementação de investimentos públicos no período. Temos de apostar nas duas frentes simultaneamente”, aponta Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib.
Em 2019, segundo o estudo, os investimentos em transportes, saneamento, energia e telecomunicações somaram R$ 123,9 bilhões, o equivalente a 1,71% do PIB (Produto Interno Bruto).
Saneamento precisaria quase dobrar, passando de R$ 14,4 bilhões para R$ 30 bilhões por ano. Já o setor de transporte precisaria de investimentos de R$ 149 bilhões por ano, seis vezes o verificado em 2019.
“A contração do investimento público continua sendo um dos maiores entraves para a recuperação do país”, diz o texto. O levantamento feito pela Abdib com base em projetos privados licitados a partir de 2019 ou em vias de licitação indica que o setor de transportes receberá R$ 82 bilhões em investimentos até 2025, uma média de 16,4 bilhões por ano.
É uma média ainda inferior à de 2019, que representaria 0,4% do PIB —para a entidade, são necessários 2,26% do PIB. “Portanto, são necessários um maior volume de projetos colocados para a iniciativa privada, bem como investimentos públicos”.
A entidade propõe algumas medidas para melhorar a atratividade para o setor privado, como a definição de critérios para o reequilíbrio econômico-financeiro de contratos e a melhoria na estrutura de garantias e financiamento.
Aponta também alternativas para favorecer o investimento público, como a securitização da dívida tributária renegociada, que poderia antecipar a arrecadação dos parcelamentos dos débitos.
O presidente-executivo da Abdib reconhece a gravidade da situação fiscal, mas argumenta que o investimento em infraestrutura tem grande potencial multiplicador na arrecadação de impostos e na geração de emprego.
Fonte: Abdib/Folha de S.Paulo
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