Ansiedade no trânsito deve aumentar depois da pandemia

Saúde mental ao volante foi tema de debate promovido pelo SETCERGS

Depois que passarem os momentos mais críticos da pandemia de covid-19, o índice de ansiedade da população será bem maior, principalmente no trânsito. A avaliação é da especialista em psicologia do trânsito Aurinez Rospide Schmitz, que participou da live “Trânsito, Saúde Mental e o Momento Atual”, promovida pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Carga no RS – SETCERGS.

A abertura da live foi da coordenadora da cooperativa de crédito Transpocred em Porto Alegre, Carine Silva Cardoso, parceira do SETCERGS no evento. O bate-papo foi conduzido pelo chefe do Grupo de Educação para o Trânsito (GETRAN) da Polícia Rodoviária Federal, Alessandro Castro. Participou também André Weinert, técnico de formação profissional do SEST SENAT de Porto Alegre.

De acordo com Castro, o número de mortes nas estradas federais caiu de janeiro a agosto em comparação com o mesmo período do ano passado – foram 200 mortes no local em 2019 e 150 este ano. Mas isso pode mudar com o fluxo de veículos voltando ao normal. “Na BR 116, que é nossa principal artéria, o movimento já está intenso. O transporte de cargas praticamente não parou, e agora tem o acréscimo dos veículos de passeio, das pessoas que estavam em casa e que precisam correr atrás da máquina para colocar as contas em dia. Esse stress, aliado ao de quem já está trabalhando, pode dar conflito.”

“O trânsito é um palco onde aparece o nosso lado mais cru. E eu não conheço quem está do meu lado. Então, se eu ‘desabafar’, penso que nunca mais vou ver aquela pessoa. Não reconheço que eu é que estou nervoso”, explicou Aurinez. A psicóloga traçou um paralelo entre o trânsito e o contexto da covid-19. “O trânsito é imprevisível, como a pandemia. É importante lembrarmos da nossa fragilidade para promover o cuidado.”

Aurinez avalia que o número de mortes nas rodovias federais só caiu por causa da redução na circulação. “A gente já está vendo as pessoas muito estressadas, por que tudo vai se acumular. Por isso, em saúde mental, vemos que o índice de ansiedade vai ser maior no pós-pandemia. Será importante ajudar as pessoas nesse momento.”

Segundo André Weinert, muitos motoristas se acostumaram a andar em velocidades altas e a descumprir regras no trânsito. Enquanto não acontecem acidentes, acreditam que não há problemas. “Temos que perceber esse risco: quanto mais infrações cometemos, mais chances há de gerar acidentes graves e mortes. É uma consequência”, ele diz.

“O motorista profissional tem que ter uma visão ampla do trânsito e aprender a ‘ler’ o que está na sua frente, além da capacidade de mudar o hábito de fazer a coisa errada. Por que reduzir a velocidade? Por que esse é meu papel na sociedade”, completa.

Aurinez destaca a importância da capacitação constante dos motoristas dentro das transportadoras. “A mudança de comportamento tem que ser contínua para ser permanente. Mudanças levam tempo, exigem investimento emocional e a gente só muda quando identifica sentido em fazer isso.”

Para Castro, o trânsito é o espaço mais democrático que existe pois veículos de luxo compartilham as mesmas vias com carros populares. “É preciso saber que o outro tem o mesmo direito de estar naquele espaço público que eu. Por isso, temos que parar e refletir – o que posso fazer para melhorar?”

A live “Trânsito, Saúde Mental e o Momento Atual” pode ser assistida na SETCERGS TV, no YouTube, e no Facebook do sindicato.

Autoria: Guacira

 

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