O governo anunciou pacote de R$ 7,7 bilhões para baratear crédito a empresas e produtores rurais
O atual governo anunciou nesta quinta-feira (9) um pacote de R$ 7,7 bilhões para baratear crédito a empresas e produtores rurais do Rio Grande do Sul, que está em calamidade pública devido a enchentes. O Ministério da Fazenda estima um impacto total de R$ 50,95 bilhões.
As ações incluem aporte em fundos garantidores de operações de crédito, subvenção direta para reduzir taxas de juros, dinheiro para estruturação de projetos e pagamento de parcelas extras do seguro-desemprego. Também estão na conta iniciativas já anunciadas, como antecipação de benefícios sociais e suspensão temporária do recolhimento de tributos de empresas afetadas.
O pacote ainda não inclui medidas direcionadas às famílias atingidas pelas enchentes, para além das antecipações de benefícios a que elas já teriam direito. Lula prometeu anunciar novas ações, focadas nos moradores gaúchos, na próxima terça-feira (14).
Segundo estimativas da Fazenda, os recursos são suficientes para alavancar R$ 39 bilhões em novos financiamentos, dos quais R$ 6,5 bilhões com parte dos juros bancada diretamente pela União.
Ao incluir o impacto das antecipações de benefícios sociais e do alívio temporário na cobrança de tributos, o impacto total calculado é de R$ 50,95 bilhões.
Nesta quarta-feira (8), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, havia dado algumas linhas gerais sobre a ajuda financeira para o Rio Grande do Sul, afirmando que o governo iria subsidiar as taxas de juros para pequenos empresários e pequenos produtores do Rio Grande do Sul contratarem empréstimos mais baratos, em meio à calamidade climática.
As micro e pequenas empresas poderão contar com garantias do FGO (Fundo Garantidor de Operações). O governo vai fazer um aporte de R$ 4,5 bilhões no fundo do Pronampe, que poderão alavancar até R$ 30 bilhões em novos financiamentos. O aval garante a honra dos pagamentos em caso de inadimplência e ajuda a reduzir a taxa de juros.
O Executivo ainda vai destinar outro R$ 1 bilhão para bancar diretamente uma parte dos juros para os primeiros R$ 2,5 bilhões contratados no Pronampe, que terão taxa de 4% ao ano.
MEIs (microempreendedores individuais), micro, pequenas e médias empresas terão aval do FGI (Fundo Garantidor de Investimentos), que receberá R$ 500 milhões em novos recursos. Segundo a Fazenda, o dinheiro é suficiente para alavancar R$ 5 bilhões em empréstimos.
“No desastre passado, nós fizemos com subvenção para aqueles segmentos mais necessitados. (Para) Microempresa e pequena empresa e rurais foi dado com subvenção, e vamos manter esse parâmetro. Para os pequenos, pequeno rural, pequeno urbano, será dado com subvenção”, afirmou o titular da Casa Civil, em entrevista na quarta (8) no Palácio do Planalto.
“Para os maiores, será usado modelo de fundo garantidor, porque a gente consegue taxas muito, muito menores do que se consegue no mercado, até porque o fundo garantidor é para tirar o risco da operação”, completou.
O Executivo ainda vai colocar R$ 200 milhões em um fundo para ajudar na estruturação de projetos, algo considerado essencial diante da necessidade de reconstruir pontes, estradas e equipamentos públicos destruídos pela tragédia.
O governo federal também planeja, em um segundo momento, anunciar a suspensão da dívida do estado do Rio Grande do Sul, para possibilitar os investimentos na recuperação da infraestrutura atingida. O anúncio deve acontecer com a presença do governador Eduardo Leite (PSDB).
O governo estadual vem defendendo que a suspensão da dívida poderia liberar R$ 3,5 bilhões para serem utilizados na reconstrução do Estado.
Veja as medidas de apoio ao Rio Grande do Sul
NOVAS MEDIDAS
Aporte para fundo de estruturação de projetos
- Beneficiários: estado e municípios
- Período: junho em diante
- Impacto: R$ 200 milhões
Aporte em fundo garantidor do Pronampe
- Beneficiários: micro e pequenas empresas
- Período: maio em diante
- Impacto: R$ 4,5 bilhões de aporte, com potencial de alavancar R$ 30 bilhões
Subvenção de juros no Pronampe
- Beneficiários: micro e pequenas empresas
- Período: maio em diante
- Condições: financiamento de até 72 meses (com até 24 meses de carência), com subsídio para reduzir taxa nominal de juros a 4% ao ano
- Impacto: R$ 1 bilhão para desconto em juros, até o limite de R$ 2,5 bilhões de créditos concedidos
Aporte em fundo garantidor do Peac
- Beneficiários: MEIs, micro, pequenas e médias empresas
- Período: maio em diante
- Condições: taxa de juros média de 1,75% ao mês
- Impacto: aporte de R$ 500 milhões, com possibilidade de alavancar até R$ 5 bilhões em operações
Subvenção de juros de linhas de crédito rural
- Beneficiários: médio produtor rural e agricultura familiar
- Período: maio em diante
- Condições: no Pronamp (médio produtor), financiamento de até 96 meses (com 36 meses de carência), desconto para reduzir taxa nominal a 4% ao ano. No Pronaf (agricultura familiar), pagamento em até 120 meses (36 meses de carência), com taxa de juros nominal zero (apenas devolução do principa, sem correção)
- Impacto: R$ 1 bilhão para desconto de juros, com potencial de conceder até R$ 4 bilhões de créditos concedidos
Força-tarefa para acelerar análise de crédito com aval da União
- Beneficiários: 14 municípios
- Período: maio
- Impacto: R$ 1,8 bilhão (sem efeito no resultado primário)
Prioridade na restituição do IR
- Beneficiários: 1,6 milhão de declarantes
- Período: junho
- Impacto: R$ 1 bilhão
MEDIDAS JÁ ANUNCIADAS
- Parcelas extras do seguro-desemprego
- Beneficiários: 140 mil trabalhadores desempregados
- Período: maio a outubro
- Impacto: R$ 495 milhões em ampliação de despesas
Antecipação do abono salarial
- Beneficiários: 705 mil trabalhadores
- Período: maio
- Impacto: R$ 758 milhões
Antecipação de Bolsa Família e Auxílio-Gás
- Beneficiários: 583 mil famílias
- Período: maio
- Impacto: R$ 380 milhões
Adiamento da cobrança de tributos federais do Simples Nacional
- Beneficiários: 203 mil empresas
- Período: abril, maio e junho
- Impacto: R$ 4,8 bilhões
Fonte: JC