Companhias desistem do home office em tempo integral

Modelos mais flexíveis de trabalho irão prevalecer, diz jornal

O jornal Valor Econômico ouviu companhias que consideram o retorno aos escritórios necessário para preservar a saúde mental de funcionários e a cultura das empresas. Ainda assim, segundo o jornal, quando as medidas de combate à pandemia forem eliminadas, modelos mais flexíveis de trabalho irão prevalecer.

Na sede da holding Votorantim S.A., na zona Sul de São Paulo, cerca de 40% dos cerca de 80 funcionários estão executando suas atividades presencialmente. Mas o plano é que o trabalho presencial, com a disponibilidade da vacina e todos já seguros frente à pandemia, retorne aos 100%. Na Unipar, maior fabricante de cloro-soda e segunda maior produtora de PVC na América do Sul, o home office em tempo integral deve ser uma realidade em 2021 apenas para a área de serviços ao cliente. No administrativo, a experiência de trabalho remoto na pandemia mostrou que esse sistema funciona adequadamente, mas tem tempo de validade. A partir de determinado ponto, há perda de qualidade.

A Mercer considera que há muitos aspectos de cocriação que estão funcionando bem no remoto, como análise de dados, squads de desenvolvimento e preparação para reuniões. Mas o presencial é fundamental para as conexões, para o debate de ideias e de novas estratégias. E mudar uma cultura remotamente é muito mais difícil. A questão da cultura, onde o presencial ajuda na cocriação e no engajamento, também pesa para a incorporadora MRV. O plano é manter um modelo de trabalho pós-pandemia, onde o presencial envolva mais de 85% da força de trabalho administrativa.

A Evoltz, que atua em linha de transmissão de energia, diz que o trabalho no escritório funciona como um “indutor de crescimento” e é mais eficiente para o negócio. Na construtora Tecnisa, 15% dos funcionários estão dando expediente no escritório. A empresa abriu as portas há um mês e meio ao perceber que as pessoas estavam esgotadas de trabalhar em casa e nem todas se acostumaram ao home office. Na concessionária de rodovias, CCR, o retorno começou há mais tempo, mas se deu pelo mesmo motivo.

A satisfação dos brasileiros com o home office caiu de 71,3% em fevereiro, antes da pandemia, para 57% em março. Foi para 45% em junho, quando o trabalho remoto se tornou permanente, segundo levantamento da Orbit Data Science. Nos meses seguintes, houve uma adaptação de muitos profissionais, mas o percentual dos insatisfeitos foi de 43% em outubro. Essa percepção foi capturada com uma análise de 5 mil comentários sobre o tema em três redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram) e portais de notícias. Do lado de quem critica o home office, há justificativas envolvendo a sobrecarga de trabalho, adaptação ruim (ocasionando dores nas costas e estresse), distrações e saudades dos colegas. Quem elogia fala em flexibilidade e em aconchego.

Encontrar um formato de trabalho que atenda a esses dois lados é o desafio atual das companhias que esboçam planos para um modelo de trabalho “híbrido” em 2021.

Na visão de Tatiana Iwai, professora de comportamento organizacional do Insper, não existe consenso sobre qual nível de flexibilidade ou qual grau de cultura presencial é necessário para uma melhor gestão de pessoas. O que as empresas precisam mapear nesse momento é a saúde mental de quem está voltando ao escritório. E, do outro lado, se quem está remoto está se sentindo incluído, participando das decisões e projetos e não sendo um mero observador do negócio. Encontrar um jeito novo de fazer as coisas não é trivial, lembra Betania Tanure, e rebate diretamente na cultura e na estratégia. “As competências das pessoas não existem sozinhas, dependem do ambiente, mesmo as mais objetivas. “É preciso construir novos indicadores que tenham consistência e contemplem quem está dentro e quem está remoto”, diz.

Fonte: Valor Econômico

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