Federação de transportadoras aponta que regiões mais críticas são as de fronteira
Um estudo da Federação Argentina de Entidades Empresariais de Transporte de Cargas (Fadeeac) obtido pela CNN aponta que 26% dos caminhoneiros que usam diesel no país vizinho ao Brasil já chegam a esperar mais de 12 horas nos postos para conseguir abastecer. Outros 31% esperam entre 6 e 12 horas para sair com o tanque cheio.
Estão na zona vermelha justamente as áreas que fazem fronteira com Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia e Chile, como Entre Rios, Santa Fé, Corrientes, Misiones, Formosa, Salta, Tucuman e Jujuy.
Reflexos no país
Especialistas ouvidos pela CNN apontam que a situação do Brasil é diferente da Argentina, mais confortável e de menor risco. Mas fazem dois alertas para o que acontece no país vizinho. O primeiro é que isso precisa servir de exemplo para que o governo brasileiro não mantenha o preço desalinhado com o mercado para que não falte diesel aqui. E o segundo é o risco de que caminhoneiros da Argentina entrem em busca do produto no Brasil, especialmente nas cidades de Foz do Iguaçu (PR), Uruguaiana (RS) e São Borja (RS).
O consultor do setor, Adriano Pires, defende que o problema do país vizinho serve de aviso para o governo brasileiro. “Nos afeta porque não está faltando no Brasil, por isso podem vir caminhões da Argentina abastecer aqui. No Brasil você tem uma estrutura muito mais sólida na Argentina para evitar alguns tipos de desabastecimento. Não existe uma Petrobras na Argentina e além da Petrobras aqui você tem outros importadores que tem uma responsabilidade com o país. Eu não sou alarmista por faltar diesel, eu sou alarmista de que o governo tem que entender que o preço do diesel vai continuar crescendo”, afirmou.
“O preço do diesel vai subir por três aspectos: a continuidade da guerra da Ucrânia, a temporada de furacões nos EUA – que pode ser pior do que o ano passado e parar refinarias na Louisiana – e a alta tradicional no consumo para o segundo semestre por conta do agronegócio”, completa.
Presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustível (Abicom), Sérgio Araújo teme que a Petrobras possa não acompanhar o preço internacional, o que agravaria o problema. O levantamento diário da entidade aponta que o diesel está defasado em 8%. Ele não vê, no entanto, risco de desabastecimento no Brasil nas próximas semanas.
Para o conselheiro da Petrobras, Marcelo Oliveira, a situação da Argentina serve de alerta ao Brasil. “Que isso sirva de exemplo. Em países onde os governos se metem no mercado há falta de produtos”, disse à CNN.
Fonte: CNN