Problema seria devido ao corte de cotas de produção da Petrobras
A Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom) divulgou, em nota na quinta-feira (15), que diversas empresas filiadas receberam comunicados do setor comercial da Petrobras informando sobre cortes unilaterais nos pedidos para fornecimento de gasolina e óleo diesel para novembro deste ano.
Segundo a Brasilcom, os cortes chegam a 50% em alguns casos, o que coloca o país “em situação de potencial desabastecimento, haja vista a impossibilidade de compensar essas reduções de fornecimento por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual entre os preços do mercado internacional, que estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil”. Em nota, alerta para o risco após a estatal informar às revendas de combustível a redução de até 50% no volume solicitado para a compra.
De acordo com o presidente do Sindicom-DF, Paulo Tavares, a situação é “gravíssima”. “A defasagem de preços da Petrobras, apesar do último aumento de 0,21 centavos (na gasolina), está em 0,57 centavos no diesel e de 0,41 centavos, hoje, em comparação com o mercado internacional. Nesse sentido, poderá haver realmente falta de produto, pois está muito mais caro importar combustível”, explicou Tavares.
“A Petrobras tem autossuficiência em petróleo, mas não consegue refinar o suficiente para o consumo interno do país, portanto, as distribuidoras, hoje, tentam comprar da Petrobras, porque está mais barato do que importar e, como ela não tem produto para oferece está reduzindo as cotas de vendas futuras para não ficar sem produto às distribuidoras. Com isso, as distribuidoras terão de importar mais caro para não faltar produto e, repassar o custo a revenda, tirando, então, a responsabilidade da Petrobras e do governo deste possível aumento para sanar a defasagem da Petrobras”, acrescentou.
No comunicado, a Brasilcom informou que já notificou o problema à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Procurada, a autarquia ainda não comentou o assunto.
Veja a íntegra da nota da Brasilcom:
No último dia 11 de outubro, diversas distribuidoras de combustíveis filiadas à Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom) receberam comunicados do setor comercial da Petrobras informando uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento de gasolina e óleo diesel para o mês de novembro/2021.
As reduções promovidas pela Petrobras, em alguns casos chegando a mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em situação de potencial desabastecimento, haja vista a impossibilidade de compensar essas reduções de fornecimento por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual entre os preços do mercado internacional, que estão em patamares bem superiores aos praticados no Brasil.
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) já foi comunicada do potencial problema, através de diversas correspondências enviadas pelas distribuidoras ao endereço eletrônico movimentações@anp.gov.br, identificado pela ANP como o canal apropriado para o envio de informações sobre esse tipo de situação.
Apesar de totalmente favorável ao programa de desinvestimento de ativos da Petrobras, a Brasilcom considera este momento um exemplo do que pode vir a ocorrer caso as autoridades governamentais não se preocupem em estabelecer regras claras para a atuação dos novos proprietários das refinarias e sistemas de logística desinvestidos pela Petrobras, de modo a evitar o estabelecimento de condições comerciais com preferências a determinados clientes, desequilibrando o ambiente concorrencial do mercado de combustíveis.
A Brasilcom, em seu papel de representar mais de quarenta empresas do setor de distribuição de combustíveis, e buscando, como sempre, garantir o abastecimento nacional e salvaguardar a manutenção de um mercado de combustíveis saudável, sem desequilíbrios e transtornos a toda sociedade civil, espera que os órgãos governamentais, face à gravidade do tema, ajam com a costumeira eficácia, implementando as medidas necessárias para evitar a perspectiva de desabastecimento.
Fonte: Correio Braziliense